52. Cilada Quase Fatal

Escrito por Stephen Perry

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Sinopse oficial
Os Mutantes emboscam os ThunderCats, mas perdem a batalha – e um Mergulhador. Escamoso culpa a tecnologia defeituosa de Abutre pela perda do veículo. Ultrajado, o homem-pássaro ativa um circuito de autodestruição em todas as armas. Atuando a pedido de Escamoso, Mumm-Ra equilibra o placar selando a Câmara da Espada com a Espada Justiceira e todas as armas dos ThunderCats dentro. Usando armas primitivas, os Mutantes atacam a Toca dos Gatos, dominando Cheetara e depois Panthro – mas não antes que Panthro perceba que um duto de ar concederá acesso à Câmara de Espada selada. Snarf rasteja pelo estreito caminho, perseguido por Chacal. Enquanto isso, Lion-O luta contra Simiano e Escamoso corpo a corpo, mas fica enfraquecido quando Mumm-Ra aparece e o envolve em um campo de força. Snarf chega com a Espada, Lion-O a usa para libertar os outros ThunderCats. Juntos, eles derrotam os invasores.

Moral pelo Dr. Robert Kuisis
Este episódio mostra a importância da tecnologia em nosso modo de vida moderno e a necessidade de usá-la em conjunto com um código moral. Quando Abutre ativa os circuitos de autodestruição em todas as suas armas, os Mutantes ficam apenas com instrumentos primitivos. Eles chamam Mumm-Ra, que separa os ThunderCats de suas armas e provoca um curto-circuito nos controles da Toca. Assegurados que os ThunderCats não têm armas, os Mutantes decidem atacá-los no que eles acham que será uma luta equilibrada. Mas os ThunderCats, liderados por Lion-O, recorrem aos seus recursos internos e lealdade aos seus valores. Eles sempre viveram com o princípio norteador de que a tecnologia é um meio a ser usado em conjunto com um fim justo. Seus fins são determinados por seu código moral, que é exemplificado no início do episódio, quando eles demonstram vontade de salvar até seus inimigos. Fortificados por sua força interior, os ThunderCats resistem ao ataque. Lion-O recupera a Espada Justiceira, que representa seu código e o uso adequado da tecnologia. Ele liberta os ThunderCats e suas armas, e eles repelem Mumm-Ra e os Mutantes, que não têm uma moral e força interior comparáveis.

Aprendemos neste episódio que uma força e um poder internos estão disponíveis para nós em nossas vidas quando vivemos de acordo com um código de valores. Quando seguimos um código de moralidade baseado na consciência e na melhoria da sociedade, agimos com confiança e com uma força interior. Parte de um código moral envolve reflexão sobre como a sociedade vincula as ferramentas, armas e instrumentos da tecnologia moderna aos fins de um sistema de valores, que respeita a vida e a justiça. A avaliação é um julgamento sobre como usar a tecnologia, que, como meio, pode ser usada para vários tipos de fins. Tecnologia é amoral; as pessoas, não. Uma moral correta garantirá que a tecnologia seja usada para os benefícios do bem na sociedade e não para fins destrutivos.

Elenco e personagens
Lion-O: Newton da Matta
Panthro: Francisco José
Tygra: Francisco Barbosa
Cheetara: Carmen Sheila
Wilykit: Marisa Leal
Wilykat: Nizo Neto
Snarf: Élcio Romar
Abutre: Luiz Feier Motta
Escamoso: André Luiz “Chapéu”
Simiano: Paulo Flores
Chacal: Older Cazarré
Mumm-Ra: Silvio Navas

Locais em destaque: Pirâmide Negra, Castelo Plun-Darr, Toca dos Gatos.

Veículos: ThunderTanque, Mergulhador, SkyCutter.

Comentário oficial
Qual a importância das armas dos ThunderCats para eles? É uma pergunta muito válida. Quando vemos os ThunderCats chegando no Terceiro Mundo, eles são, ao contrário do que se pensa, não combatentes experientes, mas sim nobres thunderianos que são forçados a pegar em armas para se defenderem contra seus inimigos e contra um potencial inimigo num ambiente hostil. O fato de serem capazes de fazer isso com sucesso é graças, em grande parte, às roupas de proteção e armas especiais concedidas a eles por seu líder falecido, Jaga, no início de sua peregrinação forçada de Thundera ao Terceiro Mundo. O brilhantismo deste episódio, da caneta do experiente escriba dos ThunderCats, Stephen Perry, é que ele explora exatamente o quão vital (ou não) esse armamento é.

Se esse episódio tivesse um aspecto que não pareceria muito verdadeiro, seria o esquema dos Mutantes para separar os ThunderCats das armas e da tecnologia em que eles tanto confiam. Parece que deveria ter ocorrido muito antes na série. De fato, não se pode deixar de imaginar se, de alguma forma, as origens desse episódio apareceram muito antes no desenvolvimento da série, mas não foram concretizadas até esse estágio muito posterior.

No entanto, graças à maneira altamente envolvente e convincente em que os principais eventos deste episódio são estruturados, é fácil esquecer esse ponto menor e, de fato, de muitas maneiras, os eventos que antecedem o ponto principal da trama servem realmente para fortalecer o episódio. A sutil participação de Abutre, por exemplo, transparece a crescente importância do personagem na equipe Mutante desde sua estreia, mas também inicia o episódio com uma sequência de ação gloriosamente emocionante que captura a atenção do público desde o início, tornando toda a exposição do episódio concisa e muito lógica.

O enredo deste episódio tem tantas reviravoltas que, ao concluir, quase parece que vários episódios ocorreram! No entanto, todas essas reviravoltas na trama são claras, lógicas e, principalmente, servem para manter o episódio vivo, envolvente e divertido. Além disso, o outro ponto forte da trama do episódio é que ele adiciona uma sensação tangível de ameaça aos personagens dos Mutantes, pois é bastante certo que os Mutantes sejam combatentes formidáveis ao lidar com armas simples e básicas, como com cravos, machado, mangual, clava etc., enquanto os ThunderCats dependem muito das propriedades especiais de suas armas, não apenas da poderosa Espada Justiceira, mas também do bastão de Cheetara com seus poderes de se estender, os combates de Panthro com suas habilidades de disparar especiais gases e outros poderes, e assim por diante.

Muito antes da série, os ThunderCats foram capazes de usar essas armas, juntamente com outras armas tecnologicamente encontradas no ThunderTanque e Toca dos Gatos, para obter vantagem sobre seus inimigos Mutantes. Quando esses vilões obtiveram acesso a sua espaçonave e outros veículos, a atenção do público foi atraída para o fato de que isso havia igualado o equilíbrio de poder; contudo, durante os episódios seguintes, os escritores tenderam a se afastar disso. Este episódio vê um retorno a esse conceito (ironicamente, quando a birra de Abutre retira dos Mutantes sua tecnologia), e o resultado é, simplesmente, fantástico.

Obviamente, um dos temas principais de um episódio como esse é a exploração da força interior, e é adequado (além de retornar a um tema ThunderCat testado e comprovado) que isso deve ser tão perfeitamente exemplificado por Snarf, que consegue usar seu tamanho diminuto para salvar o dia, recuperando as armas dos amigos. No entanto, o episódio também mostra o quanto os ThunderCats confiam em coragem, força e determinação, e que mesmo quando as fichas caem, eles se recusam a desistir. Se Tygra e os ThunderKittens estavam presentes quando a ação estava ocorrendo, talvez a força dos números teria superado os Mutantes, mas o engenhoso plano de levá-los para longe pilotando o Feliner acrescenta um senso extra de drama e um senso de realismo à superação de Panthro e Cheetara pelos inimigos.

Este episódio também tem a distinção não só de ser extremamente bem-animado, mas também muito bem dirigido, com muito uso inteligente de ângulos de câmera e fotos diferentes, criando tensão e emoção dentro da trama. De fato, do ponto de vista visual, o episódio tem Nota 10 em simular uma verdadeira “história em quadrinhos”. Parece e é uma das mais tecnicamente bem realizadas da série até agora. Outro aspecto visual digno de nota é a eficácia com que a cena de Chacal perseguindo Snarf dentro do duto de ventilação da Toca dos Gatos é utilizada. O palpável senso de claustrofobia é tão real que faz o espectador ficar com falta de ar ao vê-lo!

Este episódio é um dos melhores do final da primeira temporada do ThunderCats. É brilhantemente executado do primeiro quadro ao último, define o que faz essa série se destacar de suas contemporâneas.

Curiosidades

  • Este episódio marca a segunda vez que os Mutantes empregam o uso de um canhão de Thundranium – no entanto, enquanto a primeira ocasião os mostrou usando um veículo personalizado (como visto em “A Prisão Astral”), desta vez o canhão é mostrado afixado a um veículo mutante preexistente, ou seja, o Mergulhador;
  • Uma linha frequentemente usada por Panthro durante a série seria uma variação de “Snarf, você é um gênio!”. Essa linha aparece novamente neste episódio;
  • Quando a segunda metade da primeira temporada de ThunderCats foi transmitida no Reino Unido em 1990 – 1991, várias cenas de luta de Panthro foram cortadas, provavelmente devido ao uso da arma proibida, o nunchaku. Esses cortes seguiram edições semelhantes às da série original de desenhos animados Tartarugas Ninja, que estreou no Reino Unido no final de 1989. Esse episódio é único, no entanto, apesar de apresentar uma edição quando transmitido no Reino Unido, não foi a cena de luta de Panthro que foi censurada, mas, em vez disso, foi feita uma edição menor em uma cena em que Cheetara lutava com Simiano, com o Mutante empunhando um mangual – bola com espinhos presa no final de uma corrente como arma.

Texto extraído de thundercats.org com tradução, complementos e adaptações de Luciano Marzocca